Apesar de sermos um povo extremamente criativo e que se vira bem no improviso, sempre tivemos dificuldade quando o assunto é confiança e segurança online. O motivo é bem óbvio: somos criados para desconfiar de tudo, para ter medo de tudo, afinal vivemos em um país onde regras não são muito respeitadas.
Mas, mesmo distante do ritmo de países europeus e dos EUA, estamos crescendo bastante em relação ao uso de novas plataformas e, especialmente no consumo online. Eu diria até a passos bem largos. Em 2019, tivemos um painel super importante sobre o tema, liderado pela gigante de pesquisas e análises de comportamento, a Ebit/ Nielsen, onde falaram sobre os 20 anos da história do e-commerce no Brasil.
De acordo com Ana Helena Szasz Barone, que ocupa um cargo de liderança na companhia, alguns fatores como a inflação galopante, a economia um tanto quanto instável e uma das maiores características do brasileiro – que é o excesso de contato e proximidade entre pessoas – nos torna um mercado atrasado quando falamos de mudanças de comportamento do offline para o online. Nós gostamos de tomar um cafézinho, de estar por perto, de encontrar, somos calorosos, o que é completamente diferente da cultura de países do hemisfério norte, que são menos receptivos e preferem resolver as coisas do conforto de casa.
Enquanto o mundo já estava totalmente habituado a comprar online, por aqui, foi só a partir de 2010 que os ponteiros começaram a mexer nesse sentido. A confiança do brasileiro veio crescendo no momento em que o país teve relevância internacional, pós Copa do Mundo e Olímpiadas, quando o mundo acreditou que, enfim, seríamos o país do futuro.
Alguns anos depois, nos tornamos uma das nações mais representativas em redes sociais, sem falar no boom dos smartphones. Por fim, a ascensão de serviços de economia compartilhada e por assinatura, como Uber, Netflix, Airbnb e Rappi, conquistaram ainda mais a nossa confiança.
Tudo isso para concluirmos que, em breve, nossos tantos shoopings centers e lojas vão perder espaço. Segundo a Ebit/ Nielsen, foi a partir de 2018, independente das crises enfrentadas pelo país, que houve uma grande consolidação dos marketplaces online. Diferente dos anos 2000, hoje o brasileiro já passa 9 horas conectado à internet diariamente, o que é considerado acima da média Global, de 6,5 horas. Lembrando que em termos de conexão o Brasil é muito inferior em relação a muitos países desse estudo, seja em velocidade/conectividade ou custo. E se 2010 era o ano de entrada das redes sociais no mercado eletrônico, hoje elas são um dos principais motivadores de compras.
Aliado a tudo isso, estamos começando a desenvolver uma conscientização – um tanto quanto tardia – sobre consumo de bens com caráter sustentável. Ou seja, nos próximos anos, teremos um crescimento exponencial de consumo online e mais: do consumo consciente.
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