Por Manuela Rahal
Se existe uma coisa que todos nós, seres humanos, temos em comum é a amnésia. Para mim, a única explicação para quem tem dois ou mais filhos é essa: a pessoa esquece todo perrengue que passou e se joga de novo na jornada.
Mas quando falamos em bebês, considero uma amnésia bem saudável. A que quero abordar aqui fala de uma outra questão que tem sido pauta de encontros recorrentes com amigxs. Porque insistir no erro de morar junto com alguém?
Não me venham contar casos de um casal fantástico que vive junto e se dá maravilhosamente bem, não estamos falando de exceções, mas sim da realidade da grande maioria.
A história começa quando você se apaixona – logo, sofre de amnésia -, e da noite para o dia a necessidade de grudar noutrem, de tomar café da manhã juntinhos parece o único caminho existente. Nesse momento, você está cagando para sua família, amigxs e trabalho, você só pensa na hora em que vai chegar em casa pra encontrar seu amor. Quem nunca?
É tudo tão lindo que ninguém pensa na planilha, no começo todo mundo quer pagar tudo, ninguém calcula que duas pessoas no mesmo banheiro, eventualmente, dará merda. E em poucos meses, você não aguenta mais olhar para a cara da pessoa e tudo o que você queria era voltar pra fase da mochilinha de um lado pro outro, mesmo que isso te deixasse extremamente irritada lá no começo.
Tem dias que você só quer fazer seu número dois tranquilamente, tem dias que você não quer falar, tem dias que você quer fazer tudo aquilo que você fazia quando morava sozinha. De repente, tudo vira um embate, quem vai tirar o lixo? Quem vai lavar a louça? Quem não suporta o cheiro de cigarro? Até o super comum: QUEM NÃO TRANSA?
Convenhamos que juntar os trapos e dividir uma casa é o começo do fim. Me perdoem se estou sendo pragmática, mas como meu signo e ascendentes terra mandam: sou muito realista.
Num relacionamento, entre mil outras coisas, o seu principal job é manter um pouco de charme, mistério, aquilo que instiga, aquilo que dá tesão, aquilo que continua no patamar da admiração. Dormir juntos e acordar juntos é uma delícia, mas fazer absolutamente tudo em dupla é um inferno, a não ser que você seja siamês.
Muitos casais já inovaram e pesquisas apontam que o principal segredo para a durabilidade das relações é criar uma vida à dois e nunca esquecer de manter sua vida individual. Você nasceu um, tenha amores e parceirxs, mas continue sabendo ser um.
Minha dica: tente manter sua independência financeira para se dar ao luxo de ter duas casas, no cenário ideal, bem próximas. No cenário dos sonhos: no mesmo prédio ou quarteirão. Nem que vocês durmam todas as noites de conchinha, o segredo é sempre saber que seu espaço está reservado e que a sua relação não precisa virar um cativeiro por conta de planilhas e acordos financeiros de uma vida conjugal.
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